sexta-feira, 11 de março de 2011

Por que Escrevo? Graça Ribeiro


"Palavras que nos transportam
Aonde a noite é mais forte,
Ao silêncio dos amantes
Abraçados contra a morte."

Alexandre O'Neill

"O que a linguagem poética faz é
essencialmente jogar com as palavras.
Ordena-as de maneira harmoniosa, e injeta
mistério em cada uma delas, de modo tal que
cada imagem passa a encerrar a solução de
 um enigma."(Johan Huizinga )
Por que escrevo
Graça Ribeiro

Escrevo porque a palavra é  o instrumento
que utilizo para dar mais intensidade
aos sentidos da minha vida

Escrevo porque sinto um prazer imenso
com esse jogo de palavras que criam
a ilusão de prolongar o tempo

Escrevo porque escuto o que sinto
quando fico sozinha comigo
e deixo a alma dançar nas teclas

Escrevo porque é o meu jeito de ser feliz
a minha forma de amenizar o triste
e aprender  ouvir as estrelas

Escrevo para tentar entender  o humano
e mantenho o meu olhar de espanto
para não ser tragada pelo cotidiano

Escrevo porque ... por que escrevo?
Para ficar encantada...


Por fim,  Paulo Coelho compara a literatura ao sexo.
 Assevera “Literatura é como sexo.
O sexo também tem processos cansativos,
 certas etapas que devem ser cumpridas,
 mas no fim o esforço é compensado".
É  com diz o grande poeta português Fernando Pessoa:
 “O poeta é um fingidor”...
 “Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quere passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu. “

Perguntamos-lhes :
valeu a pena participar da Roda de Poesia?

Escrevemos porque vale a pena,
vale a tinta e vale o papel.
Vale o soneto em branco e preto,
 escrito  e publicado,
 ou  guardado na gaveta.
Se a alma é grande, tudo vale a pena,
vale a dor do trabalhador.
Para passar além do bojador
( um cabo onde no passado era
temido pelo desaparecimento de muitas embarcações.)
tem que se passar
além do medo,
Além da dor...
Deus deu muitos perigos e abismo ao mar
...ao amar... ao viver
Mas é nele que se espelha a beleza do céu...
E no amor e na vida que se experiencia a poesia.
Nosso muito obrigada a todos que participaram!

Edição: Tereza da Praia e Graça Ribeiro


Por que escrevo? (Tereza da Praia)


Ignácio de Loyola Brandão, romancista, diz que
"Escrevo para me divertir e divertir os outros"
.O escritor norte-americano Sidney Sheldom afirma
que não pretende passar mensagens ou lições éticas.
Seu objetivo ao escrever “ é que os leitores se
desliguem do mundo real.
Espero que esqueçam seu cotidiano
 enquanto aquela ficção durar.
Meus livros são feitos para divertir “
Por que escrevo?
(Tereza da Praia)
Escrevo para brincar com as palavras.
 Divertir os amigos e hostilizar os inimigos.
A palavra é minha arma,
meu instrumento perfuro-contudente.
Penetra  na alma
 Rasga, cala, fere...
Faz sangrar!
Quantas vezes me mataram? 
Quantas vezes me fizeram ressuscitar!?
Palavras, palavras...
Amargas, doces,  amorosas, perdoadoras...
Quantas vezes já rasguei?
Quantas vezes já cerzi ?
Quantas vezes emendei pedaços
Fiz colchas de mágoas...
Matei... Retalhei... salguei...
Por que  escrevo?
Ora, escrevo para me divertir...
Para fugir...
para mentir
para dizer verdades
Para fingir
Para matar e para fazer ressurgir...
Penetrar no outro fazer sangrar, ou sorrir...
Acarinhar ou ferir...
Herotodo afirmava que escrevia para
que a memória não se apagasse com o passar do tempo,
e para que os feitos não deixassem de ser lembrados
Para Pablo Neruda   “A palavra tem sombra,
transparência, peso, plumas, pêlos"

Porque escrevo - Débora Acácio e Fátima Mello (Fofinha)



Porque escrevo
Débora Acácio

Se você me perguntasse por que eu escrevo...
Eu te responderia..
Porque adoro... venero... amo a poesia..
E se pudesse em cada uma delas me transformaria
As alegrias, as tristezas... os sorriso, as lágrimas
Não importa viveria cada uma de suas linhas

Se você me perguntasse porque eu escrevo
Eu te responderia...
Porque perdi um pouco a fé... no homem..
Me iludi, desacreditei
Mas ai também entro em contradição.
E se for assim onde está a esperança ?
A força de uma grande paixão ?
A certeza de que cada alma tem
a sua gêmea para pisar e crescer unida aqui nesse chão?
São perguntas que calam fundo em meu coração.
Mas ai escrevo e como escrevo... para ela..
A solidão!

Se você me perguntasse porque escrevo
Eu te responderia
Porque Deus me deu em sua graça e misericordia
e aqui também respondo com lágrimas de todo romantico louco
uma alma sensivel de poeta.... que de tudo se apieda.
Que de qualquer quadro de profunda tristeza
encontra a mais bela nota de esperança
e sorriso que possa existir na natureza

mas antes de qualquer outra resposta
Eu te diria que escrevo para a minha
a sua, a nossa alma encantar...
Buscar mais  brilho e leveza
que só os sonetos e seus versos conseguem entoar
Buscar mais sensibilidade, sensualidade,
afabilidade, ternura nas entrelinhas
de toda e qualquer bela poesia.

Poesia e fé buscam palavras. O mundo tem um sentido,
uma razão que perpassa tudo o que foi criado, tudo isso,
bem ou mal, a serviço de uma unidade final
que vive na intuição" (Adélia Prado)

ESCREVER SOBRE O AMOR - Mavi Lamas

Das funções da literatura, a estética é aquela,
que cumpre o papel de fazer o ato
 de escrever literário diferente dos outros.
Considera-se um texto como literário se ele cumprir a função
de representar de forma artística o real.
Na arte em geral a estética de um quadro ou de
uma pintura depende da forma com que o
 artista combina as cores e as formas.
Na literatura, combina-se forma e conteúdo.

Função lúdica da literatura ocorre por meio de um jogo,
no qual o artista executa a literatura por prazer, que pode
ser como forma de trabalho ou até mesmo como um passatempo,
e o leitor sente o prazer de ler um texto.  Essa via de mão
dupla necessita de dois componentes:
o emissor e o receptor para se realizar
 e eles não convivem simultaneamente.

A função cognitiva evidencia que a
literatura produz um certo grau
de conhecimento, que é passado ao leitor, este por
sua vez o incorpora no seu fazer diário,
de tal forma que com o passar do tempo,
sendo essas histórias matéria ficcional, elas não
deixa de ser um conhecimento a ser repassado.


O escritor de peças teatrais, livros infantis,
norte-americano  William Kennedy, confessa:  
"Não acho os vencedores muito interessantes como personagens.
A sobrevivência é um tema mais rico"

“Amor são duas solidões protegendo-se uma à outra.”
disse Rainer Maria Rilke. O poeta aconselha aos escritores ,
em especial aos poetas,  a “entrar em si e examinar as
profundidades de onde jorra sua vida;
na fonte desta é que encontrará resposta
à questão de saber se deve criar.
 Aceite-a tal como se lhe apresentar
à primeira vista sem procurar interpretá-la.
Talvez venha significar que o Senhor
 é chamado a ser um artista.
Nesse caso aceite o destino e carregue-o
com seu peso e a sua grandeza,
sem nunca se preocupar com recompensa
 que possa vir de fora.
O criador, com efeito, deve ser um mundo
para si mesmo e encontrar tudo
 em si e nessa natureza a que se aliou.”


ESCREVER SOBRE O AMOR
                  Mavi Lamas

Não precisa o amor ter existido,
basta ter pensado
na existência de um grande amor.
Não precisa ser de agora
pode ter acontecido há muito tempo ,
Para escrever sobre o amor
basta ter inspiração ,emoção, sensação,
deixar que fale o coração.
Fantasiar, extravasar nos devaneios,

onde explodem os anseios,
e sem meios ou inteiros
falar beijos na nuca, de lábios ávidos
das loucuras ,dos caminhos e dos descaminhos
que se confundem nos ninhos,
se fartam nas fontes...
Para escrever sobre o amor,
Basta um retalho, uma nesga de lembrança boa
uma frase solta, dentro deste espaço incomensurável
da imaginação de cada um de nós..

Por exemplo... posso estar falando para ti,
que estás lendo estes versos agora...
È para ti mesmo, que devora as palavras
Que se confunde nos sentidos que elas têem
Ou inventa os que que quer que elas
tenham para melhor sentido fazer,
para a paz no teu coração.

Amor, emoção, danação, perdição,
confusão, perdão, encontro desencontro,.
Risos, gargalhadas, sussurros, murmúrios, gemidos,
urros, silêncio, e depois...Um arfar sereno
Que acalanta o cansaço, de tantos abraços.
Experimente  escrever sobre o amor...
Experimente !...

Porque escrevo - Tarcísio Ribeiro Costa

Para Afrânio Coutinho, escritor do livro Notas de Teoria Literária,
"a Literatura, como toda arte, é uma transfiguração do real,
é a realidade recriada através do espírito do artista e retransmitida através
da língua para as formas, que são os gêneros, e com os quais ela toma corpo
 e nova realidade. Passa, então, a viver outra vida, autônoma,
independente do autore da experiência de realidade de onde proveio

Porque Escrevo
Tarcísio Ribeiro Costa

Não sei bem por que escrevo!
Mas, às vezes, nasce de mim
Quem sabe, do meu coração
Ou da minha alma,
Um verdadeira "tentação"
De escrever um poema,
É um estado de ansiedade
Que me tira a calma...
Sempre que isso acontece
Procuro transformar em versos,
O que inesperadamente vem da mente,
Até então não tenho um tema...

Ao som de uma bela música
Escrevo palavras
Que parecem explodirem do meu interior,
Principalmente, quando o tema é amor...

Se no final, consigo uma bela poesia,
Entro num meio-transe,
Minha cabeça se enche de fantasia,
Sinto uma amena tranquilidade...

Vêm-me bafos de felicidade,
Assim, meio impaciente,
Levanto-me, contemplo a natureza,
Lembro-me dos meus versos
Sinto toques de realização...

Não tenho outros motivos
Que justifiquem o porquê de escrever,
A não ser satisfazer meu ego
E isso é muito bom para mim,
Me faz bem...
Esse, sim,
"Satisfazer o meu ego"
É o motivo por que escrevo...

José Jacinto Pereira Veiga, conhecido como José J. Veiga,
nasceu em Corumba de Goiás,
em 1915, morreu no Rio de Janeiro em 1999.
É considerado um dos maiores autores em lingua portuguesa
 do realismo fantástico. Ele afirma que não sabe porque escreve
 e presume que todos os outros escritores também não s
aibam o porque de escrever.  Afirma ele:
"Olha, isto não sei, pelo seguinte: sempre me
indago por que é que escrevo em vez de estar
 fazendo outra coisa que pode ser até mais rendosa.
 Hoje, na minha idade, já não estou atrás de coisa
que renda, porque não tenho tempo para isso, mas
antigamente me perguntava por que escrevia se podia
 estar fazendo alguma outra coisa tendo maior proveito,
ganhando mais dinheiro, mas não sabia responder.
Li uma série de reportagens que saíram em uma revista
 na França e depois foram publicadas em livro;
 várias pessoas, escritores franceses e de outros países,
dizendo por que escrevem.
Achei aquilo uma grande pose: o sujeito inventa
 alguma coisa pra dizer, porque escrever não é nada
daquilo não, eles nem sabem, ninguém está sabendo,
eu não sei. Eu me sinto feliz quando estou escrevendo,
às vezes fico desesperado porque não consigo dizer o
 que quero, fico com raiva, mas acho que é a coisa que
preciso fazer para poder me dar felicidade e tranqüilidade na vida.
Se eu não escrevesse, acho que seria uma cara azedo,
 ranzinza, mal-humorado, pessimista, e não sou; acho que
 é o trabalho literário que me salva dessas coisas".
(RICCIARDI, Giovanni. Auto-retratos. São Paulo: Martins Fontes, 1991)
 
 

Escrever - Naidaterra



Ariano Suassuna diz que todas as histórias contadas por 
ele “são recriações de histórias populares ou de histórias pessoais.
Eu tinha alguns encantamentos na infância. Entre esses,
os mais fortes era o circo e a leitura.
Como escritor, eu sou aquele mesmo menino que,
perdendo o pai assassinado no dia 9 de outubro de 1930,
passou o resto da vida tentando protestar contra
sua morte através do que faço e do que escrevo,
 oferecendo-lhe precária compensação e, ao mesmo tempo, buscando
 recuperar sua imagem, através da lembrança, dos depoimentos
dos outros, da palavras que ele deixou.”
Para Ariano “não existe diferença entre a literatura e a vida.
A literatura foi o caminho que eu encontrei
 para enfrentar essa bela tarefa de viver”

ESCREVER
Naidaterra

Que seria de mim sem um teclado,
 um lápis, uma folha qualquer, uma vareta
para na areia ou na terra escrever...
Triste, alegre ou apaixonada,
 o pensamento é quem comanda
 e você simplesmente escreve...
Com um pincel e tinta, dou forma,
desenho e traço o meu sentir...
Quem vê, penetra com a alma
e lê com o coração...
Não me vejo sem a escrita,
meus rabiscos e meus desenhos...
Eu sonho, devaneio e minhas mãos,
simplesmente... navegam...

Por que escrevo? Ciducha

"Antes eu dizia: ‘Escrevo porque não quero morrer’.
 Mas agora eu mudei. Escrevo para compreender.
 O que é um ser humano? (José Saramago)

Por que escrevo?
Ciducha

Como matar o poeta
que vive em mim?
Desenho versos
Com a minha alegria
e até com a minha dor
com tintas fortes e indeléveis,
os espinhos e as rosas do meu jardim.

 Como matar o poeta
que vive em mim?
Não me importa o mundo,
Nem a opinião de toda a gente!
Nada sabem sobre minhas dores,
E não conhecem meus prazeres.

Pois nunca escrevo para eles,
Nem quando estou triste,
Nem quando contente...!

Por isso, não posso morrer,
não ainda...
pois preciso poetar!